Aquicultura: Caminho para a Prosperidade e O Futuro Alimentar Sustentável do Brasil
Em um cenário global de crescente demanda por alimentos e a urgência de práticas mais sustentáveis, a aquicultura emerge como uma das soluções mais promissoras para a segurança alimentar mundial. O Brasil, com sua vasta riqueza hídrica e um crescente reconhecimento do potencial do setor, está se posicionando como um protagonista nesse movimento. Iniciativas recentes, como o ambicioso Programa Pescados SC em Santa Catarina, são um claro indicativo de que estamos pavimentando um caminho próspero e inovador para o futuro da produção de alimentos.
Marley Aragão
6/30/20255 min ler


Aquicultura: O Futuro Alimentar Sustentável do Brasil e o Caminho para a Prosperidade
Em um cenário global de crescente demanda por alimentos e a urgência de práticas mais sustentáveis, a aquicultura – o cultivo de organismos aquáticos – emerge como uma das soluções mais promissoras para a segurança alimentar mundial. O Brasil, com sua vasta riqueza hídrica e um crescente reconhecimento do potencial do setor, está se posicionando como um protagonista nesse movimento. Iniciativas recentes, como o ambicioso Programa Pescados SC em Santa Catarina, são um claro indicativo de que estamos pavimentando um caminho próspero e inovador para o futuro da produção de alimentos.
O Impulso de Santa Catarina: Um Modelo de Inovação e Investimento
O lançamento do Programa Pescados SC, em 30 de junho de 2025, pelo governo de Santa Catarina, marca um divisor de águas para a aquicultura e a pesca no estado e serve de inspiração para todo o país. Com um investimento e financiamento robusto de R$ 100 milhões, essa iniciativa sem precedentes visa impactar positivamente a vida de mais de um milhão de pessoas, desde pescadores e aquicultores até os consumidores finais. O programa é um compêndio de projetos estruturantes, desenhados para modernizar, qualificar e impulsionar toda a cadeia produtiva:
Despesca Fácil SC: Focado na otimização do trabalho e na rentabilidade, este projeto distribuirá kits com equipamentos e caminhões, facilitando o manejo e o transporte da produção, reduzindo perdas e aumentando a eficiência.
Tilápia Forte SC: Reconhecendo a tilápia como uma espécie de grande valor econômico, o programa investirá no fornecimento de matrizes geneticamente melhoradas para laboratórios, elevando a qualidade do pescado. Além disso, prevê a capacitação de mais de 30 mil piscicultores, com atenção especial a jovens e mulheres, promovendo a inclusão e a inovação no campo.
Equipa Bem Pesca SC: A segurança e a eficiência no mar são prioridades. Com um investimento de R$ 30 milhões, serão disponibilizados tratores, guinchos e fábricas de gelo, essenciais para a manutenção de embarcações e a conservação do pescado, garantindo melhores condições de trabalho e produto final.
Pesca Bem Segura SC: A proteção dos profissionais é fundamental. A distribuição de geolocalizadores garantirá que os pescadores possam ser monitorados e socorridos em caso de emergência, trazendo mais tranquilidade para eles e suas famílias.
Direto da Água SC: Para incentivar o consumo de pescado e valorizar o produtor, caminhões adaptados para comercialização direta serão disponibilizados, encurtando a cadeia e oferecendo produtos frescos e de qualidade diretamente ao consumidor.
DNA do Pescado: Uma medida inovadora para fortalecer a confiança do mercado. A implantação de um sistema de identificação genética combaterá fraudes, assegurando a origem e a qualidade dos pescados e promovendo políticas públicas de segurança alimentar.
Pronampe Pesca e Aquicultura: Acesso ao crédito é vital para o crescimento. Serão oferecidos R$ 47 milhões em financiamentos para infraestrutura e insumos, permitindo que os produtores invistam em suas operações e expandam seus negócios.
Além dessas ações diretas, o Programa Pescados SC reforça o compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento sustentável, buscando aprimorar as práticas de engorda de peixes em parceria com renomadas instituições de ensino e pesquisa como a Fapesc, UFSC, Udesc e Univali. Essa sinergia entre governo, produtores e academia é a chave para a inovação contínua e a sustentabilidade do setor.
O Cenário Nacional: Políticas Estratégicas e um Potencial Gigantesco
O entusiasmo em Santa Catarina é um reflexo de uma visão mais ampla que tem ganhado força em nível nacional. O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) tem se destacado por destinar recursos significativos, como os R$ 10 milhões para projetos de aquicultura em todo o país, e por lançar programas estratégicos. O "ProAqui", por exemplo, foca na expansão produtiva, comercial e na competitividade da aquicultura brasileira.
Um dos pilares dessa estratégia nacional é o "Plano Nacional de Desenvolvimento da Aquicultura - PNDA 2022-2032". Este plano estabelece diretrizes claras para o crescimento sustentável da aquicultura e pesca, abordando desde a sanidade aquícola até o fomento de práticas que resultem em serviços ecossistêmicos e mitigação das mudanças climáticas. Outras iniciativas federais, como o "Programa Piscicultura Mais Vida" e o programa "+PESCADO BRASIL", também visam fortalecer a cadeia produtiva e promover o desenvolvimento em diversas regiões.
O Brasil, abençoado com a maior reserva de água doce do mundo e uma extensa costa marítima, possui um potencial gigantesco e ainda subexplorado para a aquicultura. Projeções da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicam um crescimento impressionante de 104% na produção aquícola brasileira até 2025. A tilapicultura (criação de tilápias) e a carcinicultura (criação de camarões) são as atividades-chave que impulsionam esse crescimento, com a tilápia representando mais de 60% da produção de peixes de piscicultura no país.
Apesar dos desafios inerentes ao setor, como questões regulatórias, ambientais e sanitárias, o panorama é de otimismo. Esses desafios, na verdade, abrem portas para inúmeras oportunidades: o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, a implementação de práticas de produção responsáveis e a conquista de novos mercados, tanto internos quanto externos. A aquicultura já é, comprovadamente, a atividade agropecuária que mais cresce no Brasil, um testemunho de sua resiliência e adaptabilidade.
Aquicultura Sustentável: A Resposta para a Segurança Alimentar Global
Em um planeta com uma população em constante expansão – estimada em mais de 9 bilhões de pessoas até 2050, demandando um aumento de 60% na produção de alimentos –, a aquicultura é não apenas uma alternativa, mas uma necessidade premente. A pesca de captura, que por décadas foi a principal fonte de proteína aquática, tem demonstrado estagnação desde os anos 80, com muitos estoques pesqueiros já explorados ao limite da sustentabilidade. Nesse contexto, a aquicultura se posiciona como a solução mais viável e sustentável para suprir a crescente demanda por proteína aquática.
A aquicultura sustentável oferece uma série de benefícios ambientais, com um impacto geralmente menor do que a agricultura terrestre. Peixes e mariscos, por exemplo, requerem menos recursos para crescer do que outras fontes de proteínas terrestres, e a emissão de gases do efeito estufa gerados pelos frutos do mar cultivados é significativamente menor. Práticas inovadoras são essenciais para minimizar o impacto ambiental e garantir a longevidade da atividade:
Rações Sustentáveis: A utilização de rações à base de ingredientes vegetais, em vez de farinha de peixe, reduz a pressão sobre os estoques de peixes selvagens e diminui a pegada de carbono da produção.
Sistemas de Recirculação de Água (RAS): Tecnologias que permitem a reutilização da água, minimizando o consumo e o descarte de efluentes, são cruciais para a sustentabilidade hídrica.
Monitoramento e Rastreabilidade: Sistemas como o "DNA do Pescado" garantem a procedência e a qualidade, combatendo a pesca ilegal e as fraudes, e aumentando a confiança do consumidor.
Integração com Ecossistemas: A aquicultura deve ser vista como parte integrante do ecossistema, com práticas de manejo que promovam a biodiversidade e a saúde ambiental.
A conscientização sobre a importância da aquicultura, aliada ao contínuo investimento em pesquisa e desenvolvimento, são pilares fundamentais para que o setor continue a prosperar. Ao adotar e promover práticas de aquicultura sustentável, o Brasil não só contribui para a segurança alimentar de sua própria população, mas também fortalece sua economia local, gera empregos e se posiciona como um líder global na produção de alimentos de forma responsável e ecologicamente consciente. O futuro da alimentação passa, inegavelmente, pelas águas.