O Mito da Ração "Mágica"

É hora de desmistificar um dos equívocos mais persistentes e, por vezes, custosos na aquicultura: a crença na existência de uma ração "mágica" que, sozinha, resolverá todos os problemas de crescimento, saúde ou produtividade dos seus organismos aquáticos.

Marley Aragão

6/6/20242 min ler

É hora de desmistificar um dos equívocos mais persistentes e, por vezes, custosos na aquicultura: a crença na existência de uma ração "mágica" que, sozinha, resolverá todos os problemas de crescimento, saúde ou produtividade dos seus organismos aquáticos. Essa ideia, embora tentadora, desvia o foco do que realmente importa para o sucesso da produção.

Muitos produtores, movidos pela busca por resultados rápidos, tendem a atribuir a falta de desempenho da sua criação exclusivamente à ração utilizada. Investem em formulações caríssimas ou trocam constantemente de marca na esperança de encontrar essa solução milagrosa. No entanto, o que frequentemente se esquece é que a ração é apenas uma parte de um sistema complexo.

Pensemos juntos: uma dieta de alta qualidade é, sem dúvida, fundamental. Ela fornece os nutrientes essenciais para o desenvolvimento dos animais. Mas o peixe ou o camarão não vive só de comida, certo? A sua capacidade de aproveitar essa ração e se desenvolver plenamente é intrinsecamente ligada a outros fatores cruciais que, se negligenciados, anulam os benefícios de qualquer alimento, por melhor que seja.

Estamos falando da qualidade da água, que inclui parâmetros como oxigênio dissolvido, pH, amônia e temperatura. Um ambiente aquático desequilibrado gera estresse, baixa imunidade e, consequentemente, dificulta a absorção de nutrientes. Da mesma forma, a densidade de estocagem inadequada pode levar à competição por espaço e alimento, estresse crônico e maior incidência de doenças. Além disso, o manejo sanitário e a genética dos animais são igualmente determinantes.

Acreditar na ração "mágica" nos faz ignorar esses outros pilares da produção. Em vez de diagnosticar problemas na qualidade da água ou ajustar a densidade de estocagem, o produtor pode se ver em um ciclo vicioso de troca de rações, desperdiçando tempo e dinheiro.

Minha opinião é clara: o sucesso na aquicultura não é sobre encontrar um produto único, mas sim sobre integrar todas as variáveis do sistema de produção. É preciso entender que a ração, por mais avançada que seja, atua em conjunto com um ambiente equilibrado, um manejo adequado e animais saudáveis. Ao invés de buscar a ração "mágica", o caminho é buscar o manejo integrado e sustentável, onde cada peça do quebra-cabeça se encaixa para otimizar os resultados.

Qual é a sua experiência com esse "mito" da ração mágica? Compartilhe nos comentários!

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