Sal Solução universal ou ferramenta Estratégica ?

Descrição do posNa piscicultura de água doce, o sal é frequentemente visto como uma panaceia para qualquer problema de saúde. Muitos produtores recorrem ao cloreto de sódio (o bom e velho sal de cozinha) para tentar resolver uma gama de enfermidades ou combater o estresse em seus peixes. Mas será que o sal realmente detém esse poder "mágico", ou ele é apenas uma ferramenta valiosa quando usada com sabedoria?t.

Marley Aragão

6/6/20252 min ler

Na piscicultura de água doce, o sal é frequentemente visto como uma panaceia para qualquer problema de saúde. Muitos produtores recorrem ao cloreto de sódio (o bom e velho sal de cozinha) para tentar resolver uma gama de enfermidades ou combater o estresse em seus peixes. Mas será que o sal realmente detém esse poder "mágico", ou ele é apenas uma ferramenta valiosa quando usada com sabedoria?

Minha perspectiva, baseada nos princípios da Engenharia de Pesca e na busca por práticas sustentáveis, é que o sal é uma ferramenta estratégica e multifuncional, mas definitivamente não é uma solução universal. Seu uso indiscriminado, ou fundamentado em equívocos, pode até mesmo mascarar problemas mais sérios ou agravar a situação em certas ocasiões.

É verdade que o sal possui propriedades benéficas. Em concentrações corretas, ele pode:

  • Reduzir o estresse osmótico: Peixes de água doce vivem em um constante esforço para manter o equilíbrio de sais minerais e água em seus corpos. O sal na água do viveiro diminui essa diferença de concentração, aliviando o trabalho de órgãos como rins e brânquias. Isso é super útil em momentos de estresse, como manuseio e transporte.

  • Auxiliar no controle de parasitas externos: Em banhos de curta duração e com concentrações mais elevadas, o sal pode desidratar e eliminar alguns parasitas protozoários e monogenéticos que se fixam na pele e brânquias dos peixes.

  • Melhorar a cicatrização: Suas leves propriedades antissépticas podem ajudar na recuperação de lesões.

No entanto, é crucial entender os limites da sua aplicação. O sal não é um antibiótico e não age contra a maioria das infecções bacterianas ou virais internas. Ele também não corrige problemas de qualidade da água, como baixos níveis de oxigênio ou altas concentrações de amônia – que são, muitas vezes, as verdadeiras causas de estresse e doenças. Usar sal para cobrir esses problemas é como tratar a febre sem investigar a infecção que a causa.

Além disso, o uso excessivo ou contínuo de sal em sistemas de água doce pode:

  • Alterar a biologia do viveiro, afetando a microbiota benéfica.

  • Ter efeitos negativos em outras espécies aquáticas presentes no sistema.

  • Gerar custos desnecessários se não houver um diagnóstico preciso do problema.

A chave para o sucesso está no diagnóstico preciso e no uso consciente. Antes de adicionar sal ao seu sistema, pergunte-se: Qual é o problema real? Quais são os sintomas? Qual a causa provável? O sal é a intervenção mais adequada ou há outros fatores (qualidade da água, manejo, nutrição) que precisam ser corrigidos primeiro?

Qual a sua experiência com o uso de sal na piscicultura? Compartilhe nos comentários!